Eu a olho, a olho como se fosse a minha coisa favorita. Ela não faz ideia que
nesse exato momento enquanto ela fecha os olhos e canta, me encanta com esses
semitons, é como aquele episódio de “Eu, a patroa e as crianças” que o Franklin
está loucamente apaixonado pela Cady que chega até a achar que ela canta
maravilhosamente bem. Dizem que a beleza esta nos olhos de quem vê, começo a acreditar
que isso funcione também com vozes e ouvidos. Essa é a primeira vez que estou
apaixonada e em paz ao mesmo tempo, depois de tantos altos e baixos me encontro
em equilíbrio mental e sentimental, em algum lugar que nem eu mesma sei onde é,
mas sei que é puro pelas coisas que penso quando se trata dela, pelas coisas
que sinto, que sonho. A vontade é de chegar, coloca-la contra a parede e lhe
dizer milhares de vezes “Nunca mais pronuncie o meu nome, nunca mais me olhe
com esses olhos, nunca mais chegue tão perto, nunca mais diga que sente
saudade, nunca mais divida seus fones de ouvido comigo” na verdade, eu diria o
oposto disso tudo, pois eu sinto uma vontade constante de não perder nada ali.
E todos os dias ela faz tudo sempre igual e eu todos os dias estou nesse mesmo
lugar com uma agulha, um pedaço de linha e com os olhos sempre esperançosos, na
espera por uma brecha, e assim então me costurar pedacinho por pedacinho dentro
daquele coração. Sonhos já não me são suficientes. Hoje senti meu coração
acelerado, minhas pernas não me obedeciam e minha razão já nem existia mais, eu
quis beija-la. Querer não é poder e eu entendo, mas lembrei de um dia que sem
querer a ouvi dizer em voz alta: “um não a gente já tem” e era isso um não eu já
tinha, mas queria o talvez, queria o sim, queria aquilo tudo pra mim. Eu não
sei explicar, mas é o que dizem: Quando o fluxo é perfeito vai girando feito um
carrossel!
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